Roberto Gama e Silva

Contra-almirante Gama e Silva, grande parceiro do Dr. Enéas Ferreira Carneiro do qual foi candidato a vice-presidente.

Roberto Gama e Silva nasceu em Manaus, no dia 1º de janeiro de 1932. Foi declarado guarda-marinha em 3 de janeiro de 1953, ao concluir o curso da Escola Naval como 2º colocado de sua turma. Posteriormente, em 17 de setembro de 1955, desposou a filha do Coronel Edmundo Orlandini, de quem recebeu marcante influência, conforme relatado em texto de sua lavra. Por ironia do destino, reforçou suas convicções quando estagiou na Marinha dos EUA, frequentando um curso de Eletrônica (1956-1958). Ficou impressionado ao observar a intransigência daquele país na defesa dos seus interesses:


"Tornei-me um nacionalista de carteirinha pelo contato que tive com o nacionalismo norte-americano. No mundo-cão em que vivemos, não um mundo globalizado, cada país se protege como pode".


Tão logo regressou ao Brasil, foi designado instrutor do Curso de Especialização em Comunicações Navais do CIAW (1958-1960). Na sequência, já promovido a Capitão-Tenente, serviu por três anos como adjunto da Subchefia de Inteligência do Estado-Maior da Armada (1960-1963). Nesse período de turbulência, seu acesso a relatórios sigilosos deu-lhe uma visão privilegiada do avanço da subversão marxista no Brasil. Numerosos informes colhidos pela referida Subchefia evidenciavam a conformação de um processo revolucionário.

Promovido a Capitão-de-Corveta em 21 de março de 1963, Gama e Silva foi transferido para o CIAW na qualidade de assistente do Comandante daquele Centro, CMG Adolpho Barroso de Vasconcellos. Foi nesta posição que testemunhou a Revolta dos Marinheiros, motim de inspiração comunista que culminou com a destituição do Comandante do Centro, em 27 de março de 1964. Diante desta conjuntura, aderiu prontamente ao Movimento Cívico-Militar de 1964, sob as ordens do novo Comandante da unidade, CMG Francisco Augusto Simas de Alcântara.

Gama e Silva permaneceu no CIAW até 1966, sendo depois nomeado secretário militar do Gabinete do Ministro da Marinha (1966-1967). Nesse período, impressionou-se ao observar a batalha travada pelo seu sogro, Presidente da Companhia Nacional de Alcális, firma estatal encarregada de produzir barrilha para a indústria química. No intuito de sabotá-la, sucessivas manobras foram orquestradas pelo cartel estrangeiro interessado em manter o Brasil na condição de importador. O episódio chamou a atenção de Gama e Silva e levou-o a se aprofundar no estudo das pressões externas que o Estado sofre quando tenta tomar decisões consentâneas com os interesses da Pátria.

Pelos dez anos seguintes, nosso marujo galgou postos na hierarquia à medida que cumpria suas missões em diferentes cargos: Comandante da Capitania dos Portos do Espírito Santo (1967-1969), Instrutor da Escola de Guerra Naval (1970-1971), Adjunto da Comissão Naval Brasileira em Washington (1971-1973) e depois aluno da mesma Escola (1974-1977).

Após ser promovido a CMG, voltou a atuar na área de Inteligência, em virtude de sua nomeação para o cargo de Chefe da Agência Estadual do SNI no Amazonas (1977-1979). Esta missão foi-lhe marcante por dois motivos: a Amazônia era sua terra natal e sofria com a dilapidação de suas riquezas por grupos estrangeiros, alguns atuantes na forma de empresas, outros na forma de ONGs e pseudo-missionários. Gama e Silva logo percebeu o tamanho do saque, através de relatórios processados pela equipe do SNI.

Sua ação imediata voltou-se contra o SIL (Summer Institute of Linguistics), organização "missionária" protestante que, sob pretexto de traduzir bíblias nos idiomas dos índios, atuava como agência de espionagem dos Rockefeller, mapeando jazidas minerais clandestinamente. Gama e Silva atribuiu aos seus homens a missão de monitorar as atividades do SIL e produzir relatórios. Após reunir indícios suficientes, encaminhou os papéis à FUNAI e ao Conselho de Segurança Nacional, recomendando que o SIL fosse banido do País. Em 25 de novembro de 1977, o Governo Federal revogou o convênio SIL-FUNAI, vigente desde 1958, e cassou os vistos dos integrantes da organização, 153 pessoas no total. Décadas depois, Gama e Silva lembraria do embate com os picaretas do SIL, "uns estrangeiros travestidos de missionários que botei para correr"

Promovido a Contra-Almirante em 1980, Roberto Gama e Silva cumpriu sua última missão como Presidente do GEBAM - Grupo Executivo do Baixo Amazonas (1980-1984), órgão subordinado à Secretaria-Geral do Conselho de Segurança Nacional. Coube-lhe, nesta posição, a tarefa de coordenar a regularização fundiária de uma vasta porção da Amazônia, a fim de viabilizar a ocupação ordeira daquelas paragens. Rapidamente, o GEBAM identificou três esquemas de grilagem orquestrados por corporações estrangeiras interessadas em pilhar riquezas minerais e plantas medicinais. Não imaginavam os forasteiros que a equipe do GEBAM se disporia a confrontar dados de inúmeras fontes: arquivos notariais, laudos do DNPM, levantamentos aerofotogramétricos, sentenças judiciais, etc. Isso numa época em que inexistiam acervos digitalizados. Imensas distâncias foram cobertas graças a uma parceria com a FAB, viabilizando diligências in loco.

Um dos trustes investigados tinha à sua frente o bilionário Daniel Keith Ludwig, proprietário do Projeto Jari, ao qual Gama e Silva se referia como "quisto alienígena". Ludwig decidiu vender seus negócios no Brasil antes que a casa caísse, em 1981. Àquela altura, o GEBAM já havia reunido evidências consistentes de fraude cartorial e lesão aos interesses nacionais.

O segundo enclave estrangeiro foi extirpado em 1982. Tratava-se de uma gleba em Calçoene (AP), adquirida ilegalmente pelo magnata Shaul Nehamia Eisenberg, judeu polonês naturalizado americano, fundador da Israel Corporation. Com autorização do Conselho de Segurança Nacional, o GEBAM ajuizou a Ação Cível nº 586/81, pleiteando a desapropriação da área, controlada por intermédio de uma empresa-fantasma denominada Agrical Participação Empreendimentos S/A. Para se defender, Eisenberg contratou como procurador o Dr. William Pierce Rogers, ex-Secretário de Estado dos EUA, numa tentativa de intimidar as autoridades locais. Em dezembro de 1982, a Justiça Federal declarou nulos os registros fundiários de Eisenberg e determinou a reversão das terras para o patrimônio da União.

O terceiro quisto foi removido dois anos depois, quando o GEBAM convenceu o Presidente João Baptista Figueiredo a criar a RENCA - Reserva Nacional de Cobre e seus Associados. A edição desse decreto frustrou as pretensões da British Petroleum Corporation, cuja acionista majoritária era a Coroa Inglesa. A empresa havia apresentado requerimentos ao DNPM para explorar o depósito de cobre existente no Amapá. Levando em conta que o Brasil é carente deste metal, Gama e Silva concluiu que seria prudente impedir o esgotamento precoce da jazida. Para tanto, seria necessário transformá-la em reserva estratégica a ser explorada no futuro, em proveito da indústria nacional, em situações de encarecimento abrupto do cobre no mercado externo. A argumentação foi acatada pelo General Danilo Venturini, Secretário-Geral do Conselho de Segurança Nacional, que encaminhou ao Presidente da República uma Exposição de Motivos acompanhada da minuta do Decreto nº 89.404, assinado em 24 de fevereiro de 1984.

Roberto Gama e Silva passou à reserva em 25 de maio de 1984, mas não descansou. Prosseguiu no combate, agora publicando livros: 'São mesmo nossos os minerais não-energéticos?' (1985), 'O entreguismo dos minérios' (1988) e 'Olho grande na Amazônia brasileira' (1991). Os três constituem leitura obrigatória para aqueles que se preocupam com as questões relacionadas à defesa do interesse nacional. Neles o leitor encontrará uma discussão qualificada sobre os minérios estratégicos e críticos, sua exploração e aproveitamento, sua relevância geopolítica, seu papel no jogo de poder entre as nações e sua importância para a capacidade combatente das Forças Armadas. Toda a linha expositiva do autor vem acompanhada de documentos, mapas, gráficos, informações exclusivas e experiências próprias de quem dedicou sua vida ao Brasil.

Foi nos anos 80 e 90 que Gama e Silva aproximou-se do Dr. Enéas Carneiro, a quem se associou na fundação do PRONA. Ambos marcharam ombro a ombro nos prélios eleitorais de 1989, 1994 e 1998. Não ganharam nas urnas, mas mantiveram a coerência que os vencedores deixaram para trás na primeira oportunidade. E é isso que importa.

Fonte: Internet Archive

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